domingo

Primeira Leitura versus grotões da esquerda.

Dias atrás, os jornalistas Reinaldo Azevedo e Rui Nogueira divulgaram, por meio de uma nota, o encerramento das atividades da revista e site Primeira Leitura. Os motivos, embora não explicitados, já começam a brotar nos grotões da esquerda. Alguns acusam a revista que criticou a incompetência do governo Lula de ser, ela mesma, incompetente, pois não conseguiu manter-se no mercado. Outros, mais maliciosos, vinculam o encerramento das atividades com a saída do tucano Geraldo Alckmin do governo do Estado de São Paulo: dizem que “a fonte secou”, numa referência às denúncias que a publicação teria sido beneficiada pela publicidade do banco estatal. No primeiro caso, não percebem que estão a endossar a tese de que Lula é mesmo incompetente, no que seria seguido, porém, pelos seus supostos “inimigos”. No segundo, querem é perpetuar uma tese que não se sustenta para ganhar um trocado político.

Desde que foi lançada, a revista Primeira Leitura, sem partir para o fetichismo da isenção, mas comprometida com convicções políticas e filosóficas, passou a publicar uma visão mais conservadora do quadro político e econômico do Brasil e do mundo. Com estilo, às vezes ácido demais para os que viram nela um “inimigo”, e bom gosto reconhecidos por um público seleto, Primeira Leitura incomodou. Incomodou principalmente o site onde, diariamente, textos que analisavam a cena política eram publicados pelos seus principais jornalistas. Não demorou a que a revista fosse alvo de pechas e rotulações, dentre as quais a principal era a de “direitista”. Outros também foram devidamente cunhados pela militância: “tucana”, “milico-conservadora” etc. Embora ser direitista não desmereça ninguém em si mesmo, o termo, por obra de uma esquerda implacável, ganhou um nível pejorativo incrível. Ora, nestas circunstâncias, quem quererá vincular o seu nome a uma publicação neoconservadora, de “direita”? Os jornalistas poderiam dar uma guinada no mote editorial e reverter o quadro? Sim. Preferiram, entendo, encerrar as atividades, como dizem?, por cima. Até onde se pode levar, a revista manteve o nível cultural, a profundidade do pensamento.

O patrimônio intelectual, consubstanciado em centenas de textos, ainda está disponível no site. Vale a pena consultar e guardar.

Os que comemoram o encerramento das suas atividades são guardiões de um totalitarismo velado. Reinaldo Azevedo e Rui Nogueira não privarão, creio, os seus leitores e admiradores de suas análises políticas, econômicas e filosóficas. Pelo que conheço de ambos, ainda que seja “panfletando” nas ruas, o confronto de idéias se dará.

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