terça-feira

Foro de São Paulo reuniu-se numa covarde cruzada anti-Uribe

É preciso dizer mais? Venezuela, Equador, Argentina e Brasil dão um espetáculo de delinqüencia. O Foro de São Paulo reuniu-se numa covarde cruzada anti-Uribe. O Itamaraty foi assaltado por uma corja de canalhas assassinos ou fiadores de assassinos. Amorim não quer que Uribe se desculpe pela invasão - esta, plenamente justificável -, mas pela morte de um companheiro. É hora das pessoas de bem prestarem solidariedade às vítimas. E as vítimas são Uribe e o povo colombiano.

domingo

PCC ameaça de morte subprefeito e padres da periferia

Matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo:
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"Senhor Felipe. Sua obrigação é cuidar do bairro (...) Você quer se promover para seu chefe e anda fazendo serviço de polícia. (...) Não iremos matar você, mas vamos deixá-lo alejado (sic), pois só assim sentirá pelo resto da vida." A carta enviada ao subprefeito de Vila Prudente, Felipe Sigollo, mostra o novo desafio das autoridades em São Paulo: o domínio territorial do Primeiro Comando da Capital (PCC). Desde que assumiu, em novembro de 2006, Sigollo recebeu, além da carta, duas ameaças de morte por escrito, outra por telefone, teve equipamentos roubados e foi assaltado. O motivo: quis abrir ruas, remover favelas, apoiou a interdição de bingos, a apreensão de caça-níqueis ou circulou por redutos do PCC na zona leste.
O caso de Sigollo não é isolado. Na zona oeste, o subprefeito de Pirituba, José Augusto Darcie, precisará de escolta policial esta semana para colocar no chão um muro de 5 metros de comprimento e 1,5 metro de altura construído pela facção para impedir a circulação de viaturas na Favela de Taipas. Na Brasilândia, zona norte, um padre foi ameaçado de morte ao tentar ajudar a Prefeitura na negociação para remover famílias que viviam sobre um córrego que inunda casas quando chove. Irritou traficantes que não queriam perder o ponto.
Na zona oeste, integrantes da associação religiosa Aliança de Misericórdia que trabalham com dependentes de drogas são ameaçados constantemente. "Somos acusados pelo crime organizado de tirar a clientela dele", diz o bispo da Brasilândia, d. José Benedito Simão. Os impasses tornaram-se mais freqüentes nos últimos quatro anos, quando os domínios do PCC se estenderam dos presídios para bocas de droga da periferia. Hoje, para trabalhar nessas áreas é preciso jogo de cintura. "Tem de saber chegar", diz Sigollo. "Não queremos confronto com o tráfico. Não somos polícia. Fazemos obras para a população."
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Eis o resultado de anos e anos em que o Poder Público coonestou o crime, a ilegalidade. O Estado de Direito cedeu espaço para o paralelo, tornando a sociedade refém da bandidagem. Não há outro remédio senão o confronto. É preciso saber que não há negociação possível. Com as eleições deste ano, temo um retrocesso neste aspecto. Se tem uma coisa que o petismo faz bem é coonestar o crime.

sábado

Petry! Ateu militante, va lá, trapaceiro, não.


André Petry, o colunista de Veja, é um exemplo de ateu militante. Eu respeito os ateus militantes. Só não pode ser cretino. Só não pode dar um nó na lógica para confundir o leitor. O cheiro da trapaça intelectual merece ser combatida. Neste sentido, Petry é um fenômeno. Vejamos o que escreve o militante em seu último artigo – "É pesquisa (ou lixo)" - publicado em Veja:
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“Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal decide um dos temas mais relevantes de sua história. Os ministros dirão se é válida ou não a Lei de Biossegurança, no trecho que autoriza a pesquisa de células-tronco de embriões humanos estocados em clínicas de fertilização. Pela lei, os embriões têm de ser inviáveis ou estar há pelo menos três anos congelados. Em qualquer caso, exige-se a permissão dos donos. Como as células-tronco embrionárias são o mais promissor caminho para vencer doenças hoje incuráveis, a aprovação da lei foi saudada como um generoso convite à ciência, ao progresso e à vida.”
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Reparem na abordagem. Petry fala que “a aprovação da lei foi saudada”. Vejam que ele escolhe bem as palavras. A intenção é carimbar o pensamento divergente de minoria radical. Minoria esta alheia aos supostos avanços que a lei proporcionará. E falo em supostos avanços porque em discussão estão as implicações da adoção de tal lei, implicações estas que vão além da vitória contra doenças até então incuráveis. Petry prefere a síntese cretina: opor-se à lei, na verdade, significaria opor-se à cura de enfermos. Trata-se de um discurso delinqüente. Não fosse jornalista de Veja, poderia candidatar-se a Ministro da Saúde. Para Petry, defender a lei de Biossegurança implica defender o progresso e a vida. Quem diz o inverso, portanto, é logo associado à idéia do atraso e da morte. E vejam que, mais tarde, no mesmo texto, o valente condenará esse tipo de argumentação. Petry simplesmente omite o fato de que as pesquisas com células-tronco adultas tem tido grande sucesso terapêutico.
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“Mas aí apareceu o então procurador-geral Cláudio Fonteles, que entrou com uma ação no STF dizendo que a destruição de embriões era inconstitucional. Fonteles diz que os embriões, sendo resultado da fecundação do óvulo pelo espermatozóide, são seres humanos no estágio inicial da vida. A Constituição protege a vida. Portanto, pesquisá-los, ou destruí-los, é como matá-los. E matá-los é inconstitucional. Pronto: a ciência virou sinônimo de assassinato, geneticistas viraram homicidas. Eis o beco obscuro em que a fé do procurador quer nocautear a ciência, o progresso e a vida.”
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É um trecho interessante. Aqui está o nó na lógica a que me referia. Petry acusa Fonteles de fazer justamente aquilo que Petry faz com ... Fonteles. Vejam que no primeiro parágrafo é Petry que se encarrega de associar os que se colocam contra a lei ao atraso e à morte. Petry está querendo enganar o leitor. E isso fica ainda mais claro na última frase: “Eis o beco obscuro em que a fé do procurador quer nocautear a ciência, o progresso e a vida”. Ora, se a fé quer nocautear a ciência, o progresso e a vida, então pronto: a fé virou sinônimo de ignorância, atraso e – acreditem – morte.
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“O procurador não apresentou a questão capciosa porque é mau ou diabólico. Apresentou-a porque é um católico ardente. Nessa condição, propôs um dilema que pertence à pauta religiosa, e não à sociedade laica. Lamentavelmente, confundiu a Constituição com a Bíblia. Disfarçou, claro. Na ação ao STF, ele lista cientistas que defendem sua tese, mas omite que são católicos militantes. Um é da CNBB. Outro é da Academia Pro Vita, do Vaticano. Seis assinam obra da Pastoral Familiar. Os estrangeiros pertencem à reacionaríssima Opus Dei. Fonteles esconde tudo isso do leitor.”
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Reparem na trapaça. Petry tenta passar a idéia de que a sociedade é laica. Coisa nenhuma. Laico é o Estado. A sociedade brasileira, ao contrário do diz o ateu militante, é religiosa. Composta em sua maioria por católicos. Para Petry existem duas pautas: uma laica e outra religiosa. Esta não deve se meter naquela. Trata-se de uma estupidez incrível. A não ser que Petry ache que a ciência deva caminhar sem respeitar qualquer código moral, é óbvio que a religião, somada a inúmeras outras estâncias sociais, colabora com o debate do qual decorre a ética que norteia a sociedade, inclusive o trabalho de cientistas. Lamentavelmente, Petry confundiu seu livro besta de ódio à religião com a Constituição. A definição de quando começa a vida tem implicações jurídicas, inclusive no que diz respeito a sucessão, e é assunto pertinente ao mundo jurídico. Mundo este caracterizado pela interpretação das normas, interpretação esta que sempre será norteada pela cultura. Estaria a sociedade limitada às definições que a ciência é capaz de nos fornecer? Estaria a sociedade impedida de discutir quando começa a vida contando, para tanto, da cultura que a caracteriza, apenas porque a ciência é incapaz de uma definição exata sobre o assunto?
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“Esconde porque, fora dos cânones divinos, o que realmente interessa – já que não sabemos quando começa a vida – é o destino de milhares de embriões humanos estocados nas clínicas de fertilização: a lata do lixo ou o laboratório de pesquisa? A resposta é óbvia. Óbvia até para crentes que, não sendo dogmáticos, distinguem o mundo real do encantamento mágico. É o que mostra pesquisa ainda inédita, reproduzida aqui, feita pelo Ibope por encomenda do grupo Católicas pelo Direito de Decidir: 95% dos católicos defendem a pesquisa de células-tronco embrionárias e 94% dos evangélicos pensam do mesmo modo. Belíssimo.”
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Petry é mesmo um trapaceiro intelectual. Em certo trecho, afirma que Fonteles omite que são católicos militantes os cientistas que se opõe a lei de Biossegurança. Pois bem. Petry não chega a omitir, mas também não esclarece - como se espera de um jornalista sério - que o tal Grupo de Católicas pelo Direito de Decidir, que encomendou a tal pesquisa, não passa de uma organização anticatólica. O nome “católica” é estratégico para confundir o público. Como bem explica o Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz, o objetivo do grupo é infiltrar-se nas paróquias, nas dioceses, nas universidades católicas, nos meios de comunicação, nas casas legislativas a fim de dar a entender que é possível, ao mesmo tempo, ser católico e defender o direito ao aborto. Ora, se sobre os cientistas de Fonteles pesa a suspeição da militância católica, sobre o grupo de Petry pesa a suspeição da militância anticatólica.
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“Como é próprio dos crentes mais inflexíveis, Fonteles sonha com um país laico ajoelhado diante de suas convicções religiosas. Mas, para o bem da ciência, do progresso e da vida, há que torcer para que o STF mantenha a Lei de Biossegurança em pé. Ou, para ficar na língua que o procurador entende, Deus queira que o STF seja iluminado nesta semana.”
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Só me resta dizer que, como é próprio dos ateus mais inflexíveis, Petry sonha com um país católico ajoelhado diante da onipotência da ciência em relação a todas as outras estâncias sociais. Toda Poderosa, ela decidiria sobre tudo, inclusive sobre o que é atraso e progresso ou morte e vida.