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Morales vence eleição Constituinte, autonomia ganha em quatro províncias

LA PAZ, 2 jul (AFP) - O partido do presidente boliviano, Evo Morales, ganhou por pouco mais de 50% a eleição para a Assembléia Constituinte nacional, realizada neste domingo, e que também aprovou a autonomia de quatro províncias, de acordo com uma pesquisa de boca-de-urna do instituto Equipos Mori, divulgada pela rede de TV Unitel.O Movimento Ao Socialismo (MAS), de Morales, obteve 130 das 255 cadeiras da Assembléia Constituinte que se instalará no dia 6 de agosto na cidade de Sucre, capital do país.Este percentual equivale a 51% do total de parlamentares, longe dos dois terços necessários para aprovar a redação da nova Constituição.O oficialista MAS ganhou tanto no âmbito departamental, que distribuiu 45 assentos, como nas 70 circunscrições uninominais que designaram outras 210 das 255 cadeiras na Assembléia Constituinte, com a qual o presidente se propõe a "refundar" o país.Seu principal opositor, O Poder Democrático e Social (Podemos) do ex-presidente de direita Jorge Quiroga, reuniu 67 cadeiras, ou seja, 26% da Casa.A surpresa foi com o Movimento Nacionalista Revolucionário, do derrocado ex-presidente liberal Gonzalo Sánchez de Lozada, que conseguiu 18 assentos, o equivalente a 7%. Já a Unidade Nacional, do empresário Samuel Doria Medina, obteve 13, ou seja, 5%.Um mosaico de outras oito forças minoritárias conseguiu as 27 cadeiras restantes.Na eleição sobre as autonomias regionais, o "sim" venceu em quatro das nove regiões do país, incluindo na rica zona de Santa Cruz (leste), segundo o Equipos Mori.O voto pela autonomia venceu nos departamentos de Santa Cruz, Tarija, Pando e Beni, enquanto o "não" ganhou em La Paz, Oruro, Potosí, Chuquisaca e Cochabamba, de acordo com a sondagem divulgada pela Unitel.Em nível nacional, o "não" venceu por 53% dos votos, contra 47% para o "sim". O presidente Evo Morales era contrário à autonomia.O resultado da votação terá vigência apenas nas regiões onde venceu a opção pela autonomia, ou seja, em quatro das nove províncias.Em Santa Cruz, bastião dos autonomistas, o "sim" obteve 78% dos votos, mas a vitória mais esmagadora ocorreu em Beni, com 81% a favor da autonomia. Tarija aprovou a medida por 73% e Pando, por 64%.Logo após o anúncio, a população de Santa Cruz, 900 km a leste de La Paz, ocupou as ruas para comemorar a vitória do "sim"."O povo ganhou, a democracia ganhou", disse exultante Germán Antelo, presidente do Comitê Cívico Pró-Santa Cruz, bastião da luta pela autonomia.As ruas da cidade de Santa Cruz foram ocupadas por automóveis, que faziam um buzinaço para comemorar a vitória, enquanto a população se concentrava na Praça das Armas.A autonomia conquistada pelas quatro regiões deve se dar em duas frentes, a política e a econômica.No campo político, os autonomistas exigem basicamente maiores atribuições para os prefeitos, que poderiam obter o status de governadores, como em um regime federal.No setor econômico, Santa Cruz quer um modelo para administrar 56% dos recursos que gera, cerca de 30% do Produto Interno Bruto da Bolívia, de 8 bilhões de dólares anuais.Santa Cruz propõe uma reforma do atual sistema de distribuição departamental, que destina 10% da produção das regiões mais ricas em benefício das mais pobres, e 33% para a administração nacional.Os autonomistas também querem explorar as riquezas do solo e poder dispor delas sem prévia consulta ao governo central de La Paz.

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