domingo

Conversa Afiada, fiada e mole.

Não me causa o menor espanto que existam jornalistas e pensadores que, direta ou indiretamente, militem a favor do governo federal ou de Lula. Não sou adepto do fetichismo da isenção. Nesse sentido, prezo mais um Emir Sader vociferando besteiras sobre a “colonialista direita” do que um Clovis Rossi administrando sua neutralidade, totalmente partidarizada, ao falar sobre a esquerda no mundo. Creio que a crise que bate a porta da mídia escrita só será driblada com um jornalismo menos pragmático, com mais opinião, mais recheio.
Paulo Henrique Amorim, com seu Conversa Afiada, é um dos jornalistas que encabeçam o segundo grupo, vale dizer, o daquele que reúne jornalistas militantes que se querem fazer passar por neutros. No portal IG, Amorim publica diariamente notícias sobre política, economia e, principalmente, propaganda não oficial do governo federal. Se Amorim defendesse Lula e o seu (des)governo abertamente, como faz Sader quando tremula a bandeira do MST, nada haveria de errado além, é claro, do que se poderia apontar nos seus pensamentos. Atuando sorrateiramente a favor do governo federal, sem assumir qualquer responsabilidade intelectual, administrando uma suposta, mas ausente, neutralidade, perde toda a credibilidade.
Ele, ao invés de protagonizar uma conversa afiada, acaba promovendo é conversa fiada. Ultimamente, porém, nem mesmo o papo fiado tem sido o seu mote. Com a Copa, no mais tenebroso estilo circense, Amorim faz da seleção brasileira e do jogador Ronaldo (o fenômeno) a principal atração de seu, como direi?, blog mascarado de canal de notícias e entrevistas “afiadas”. A recorrência com que ataca o jogador Ronaldo revela a verdadeira intenção por de trás do suposto humor: o jornalista quer desqualificar aquele que, na medida certa e com rara ousadia, respondeu aos ataques oportunistas do Apedeuta. O Fenômeno fez o que as oposições em três anos e meio não foram capazes. Só isso bastaria para considerá-lo o herói da “Copa”.
Amorim tem todo o direito de apoiar e militar para quem quiser, mas deve ser honesto com os seus leitores, revelando as convicções políticas que se escondem por de trás do seu trabalho. No que diz respeito à seleção brasileira deve deixar a conversa mole de lado e nos deixar claro o quão desconforto lhe causa apontar os “defeitos” de Lula.

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