quarta-feira

Clama-se por pena de Morte. É a comoção. O Estado? Quer progressão de regime.

Alguns amigos sabem. Outros, talvez não. Moro em Bragança Paulista. A cidade está de Luto. Seguramente, nunca se viu neste pacato município, com pouco mais de 150 mil habitantes, um crime tão bárbaro, tão violento, tão chocante. O clima é de revolta. Fala-se abertamente em linchamento, pena de morte etc. Não é o momento de apoiar ou condenar essas idéias. Tudo é comoção. O crime, que tomou repercussão nacional, chocaria de qualquer forma. Talvez por um certo egoísmo compreensível, humano até, a dor é maior porque Eliana, uma das vítimas, era uma mulher conhecida e muito querida pelos moradores da cidade. Carinhosa, atenciosa, meiga era mãe zelosa de um único filho. Um garoto de 5 anos. Valente, ele conseguiu escapar do carro. Ainda em chamas, conseguiu pedir ajuda. Mas, com 90% do corpo queimado, não resistiu e morreu hoje, 12 de dezembro de 2006. Mãe e pai morreram na hora. Clama-se pena de morte para o autor da atrocidade. Vinte mil reais. Um veículo. Tinner. Cordas. Fogo. Em minutos, uma família é literalmente carbonizada. O criminoso? Mais de 20 passagens pela polícia. Condenado por furto, roubo e latrocínio. Em poucos anos, livre para destruir a vida de três pessoas. Desta vez, terá direito à progressão de regime - fechado, semi-aberto e aberto. Clama-se pena de morte. É a comoção. O Estado quer diminuição de pena e progressão de regime. O Estado fechou os olhos para Eliana, seu marido e o pequeno Vinícius. Está a serviço da barbárie. Bragança está de Luto. Eu estou de Luto. O Estado? Quer progressão de regime.

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