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Guerra Suja do PT é desbaratada pela PF. Alvo era o tucano José Serra. A trama teria custado R$ 2 milhões ao PT. IstoÉ foi desmoralizada.

Valter Pomar, do PT, certa feita, alertou para a possibilidade de uma "guerra suja" nesta campanha. Tratava-se, como se verá, de um discurso ambíguo. Guerra limpa, para ele, era a disputa eleitoral. Vê-se como os petistas veêm as eleições: como uma guerra. Bem, a "guerra suja" de Pomar veio. Iniciou-se com a tentativa de colar à imagem de José Serra o rótulo odioso de preconceituoso. Peixe pequeno. O que segue é uma trama, das mais asquerosas desde que a turma de Collor mobilizou Mirian Cordeiro, uma ex-namorada de Lula, para dizer no ar que ele queria que ela tivesse praticado um aborto, como bem escreveu Reinaldo Azevedo. Vamos lá.

PF prende chefe dos sanguessugas por tentativa de chantagem

"A prisão de Vedoin --que estava escondido em um motel de Cuiabá, segundo a PF-- ocorreu um dia depois de seu primo Paulo Roberto Trevisan ter sido preso pelo órgão.Trevisan foi detido no aeroporto de Cuiabá, na noite de quinta-feira, com uma fita de vídeo, um DVD e fotos que registraram evento em maio de 2001, em Cuiabá, onde o ex-ministro da Saúde José Serra, candidato do PSDB a governador de São Paulo, participa de entregas de ambulâncias vendidas por Vedoin a prefeituras."
Obs. Chantagem? A agência de notícias cometeu um equívoco no uso do termo. Mas vamos adiante.

Quem comprou a mercadoria?

Valderan Padilha, com quem a PF apreendeu R$ 1.715.800,00 em dinheiro vivo, confirmando que a negociação estava mesmo em curso.

Quem é esse cara?

É um empreiteiro e engenheiro eletricista de Mato Grosso, indicado pelo PT para o cargo de diretor econômico e financeiro das Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A (Eletronorte), estatal subordinada à Eletrobrás. Ele também foi coordenador financeiro da campanha do petista Alexandre César à Prefeitura de Cuiabá.

O que diz o procurador da República?

O procurador da República em Cuiabá Mário Lúcio Avelar disse hoje que os documentos não apontam envolvimento de Serra

Quem desbaratou a trama petista?

A Polícia Federal. Aquela que já foi chamada por José Dirceu de tucana.

O que a PF tem?

A Polícia Federal gravou conversas de Vedoin com várias pessoas que comprometem gente do PT e deixam mal a revista. Sim, as gravações que estão com a Polícia Federal citam a reportagem da revista IstoÉ.

Qual a recomendação de Thomaz Bastos?

Nesse caso, nada de flashes. Thomaz Bastos impediu imagens de dinheiro petista. "A apreensão de R$ 1,7 milhão mais 248 mil dólares pela Polícia Federal nesta sexta-feira foi uma rara ocasião em que a PF deixou de exibir à imprensa o produto do seu trabalho. Pelo que se sabe, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos foi rigorosamente ético para não permitir que se repetisse o que aconteceu em 2002, quando a exibição do dinheiro apreendido na empresa Lunus fez naufragar a candidatura de Roseana Sarney. [tá bom...] O dinheiro foi apreendido com um ex-tesoureiro do PT e com um advogado do partido (ex-agente da PF). O objetivo seria comprar imagens — em vídeo, inclusive — mostrando que Serra e Alckmin teriam participado do ato de entrega das famosas ambulâncias de Luiz Antonio Vedoin, o chefe da quadrilha dos sanguessugas".

Mas e a reportagem?

Rigorosamente nada na reportagem (e mesmo nos documentos apresentados) apontam para o envolvimento de José Serra na máfia das ambulâncias. Nada. A "prova mais contundente" que a revista julga ter contra Serra é um ofício datado de 13 de dezembro de 2001, no qual o então secretário executivo da Saúde, Barjas Negri, pede ao Fundo Nacional de Saúde empenho na elaboração do convênio para as ambulâncias. E pede para ser informado. Diz ainda ser uma determinação do ministro José Serra. O "esquema" era tão azeitado, que o secretário executivo decide dar com a língua nos dentes e deixar um ato de Ofício no Fundo Nacional de Saúde. É um acinte. O homem estava cumprindo a sua obrigação. A entrevista concedida pela tal "família" Vedoim reforça que a trama, que custaria R$ 2 milhões ao PT, creio, pagos com dinheiro devidamente não contabilizado, foi arquitetada com um duplo propósito: isentar o governo Lula e criar um fato político em São Paulo. De fato, muitos petistas, entre os quais aponto amigos meus, comemoraram a reportagem prevendo um segundo turno aqui em São Paulo. Consta que Mercadante "exigiu" explicações de José Serra. Bem, agora, creio, é Mercadante que deve se explicar.

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