sexta-feira

em 20/10/2006 - "Lula ganha, Alckmin perde e eu venço"

Detesto a militância cega. Aquela que não enxerga um palmo a frente do nariz se lhe disseram para não enxergar. Ela existe em todo e qualquer partido. No petismo, parece ser a regra e não a exceção. E olhem que o petismo é uma legião. Mas o PT é uma coisa e o petismo é outra. O PT é o partido. O petismo, uma doutrina, uma forma de ver, pensar e viver a vida.
Uma boa parte dos petistas pensa com a estrela do partido e não com a cabeça. O partido passa a ser o imperativo categórico do sujeito. Detesto esse tipo de coisa, de militância. Votei em Alckmin porque ele era o candidato do Estado de Direito. A vitória do PT significa a continuação da desarticulação das instituições democráticas. Ela serve a propósitos que não parecem claros para a oposição e para as elites pensantes e tão pouco para o conjunto da população. Mas isso é um outro assunto.
Escolher Alckmin nunca significou, para mim, endossar sua candidatura. Quando disse que Lula venceria no primeiro turno, errei. Mas o segundo turno foi obra de acontecimentos estranhos a campanha do PSDB/PFL. Não podia prevê-los. Disse que a derrota viria porque nunca um partido errou tanto na disputa política quanto o PSDB-oposição. Da blindagem a Lula até a negociação do caso Azeredo; da falta de debate ideológico no confronto com o governo até a hesitação com o pedido de impeachment.
Depois veio a escolha do candidato. Serra estava empatado tecnicamente com Lula e até o vencia segundo alguns institutos, mas os tucanos escolheram como "anti-Lula" um quadro desconhecido nacionalmente e com menos da metade dos votos do seu adversário dentro do partido. Como se não bastasse isso, a campanha de Alckmin foi uma sucessão de erros. Sobre isso venho falando há um bom tempo: "ou Alckmin muda a campanha ou Lula leva" - dizia. Não mudou. No fim do primeiro turno, com o escândalo do dossiê, esboçou uma guinada nos rumos da campanha, mas no segundo turno, voltou a disputar a prefeitura de Dois Córregos, com aquele obreirismo todo.
O militante que pensa com a sigla do partido e não com a cabeça é incapaz de ver isso. Não suporto que subestimem a minha inteligência. O partido errou, e a falta de política cobra o seu preço. Lula ganhou, Alckmin perdee e eu venci, sobretudo intelectualmente.
Tirando os fatos estranhos às campanhas dos candidatos, tudo aconteceu rigorosamente como o previsto.
Já disse, também, que Alckmin podia perder, mas o Estado de Direito não. Era melhor que Lula perdesse. Agora, não pode assumir. Assumindo tem de ser cassado. O Estado de Direito tem que prevalecer. O império da lei a todos submete, até o PT de Lula e o Lula do PT.
Um grupo político que não se submete à lei pode qualquer coisa.

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