domingo

Alô Gonzáles: na política, “fair play” é cartão vermelho.



O estilo cordato de Geraldo Alckmin (foto à direita) tem sido criticado por aliados. As críticas em si não são problema. Poderia ser apenas entusiasmo demais, precipitação. Ocorre que a campanha televisiva tem sido elogiada pelos opositores. Nesse caso, é bom tomar cuidado. As chances de se estar fazendo o jogo do adversário são muito grandes. O candidato tucano, conhecido pelo apelido de “picolé de chuchu”, tem mais que evitado “atacar” o adversário petista, tem feito do estilo propositivo uma obsessão, um imperativo categórico. Ok, ok, não queremos que Alckmin adote o estilo Mercadante de fazer campanha, ampliando discursos, distorcendo palavras, jogando baixo através de mentiras e ilações forçadas. Na política, contudo, o absoluto jogo limpo, tomado como um imperativo categórico, acaba sempre mal nas urnas. Ademais, lembrar os brasileiros dos escândalos de corrupção do governo petista, do esquema do mensalão, do projeto de poder, do viés autoritário, dos incontáveis ministros envolvidos em irregularidades não é propriamente jogo sujo, mas uma obrigação moral. Ser o anti-Lula, hoje, implica mais do que apresentar propostas, mas encampar o candidato da ética. Não se faz isso sem apontar os desvios morais do PT e de Lula. Creio até que não levar os escândalos de corrupção petista para a campanha é que se revela “jogo sujo”. Deixo essa demonstração para outro momento. O brasileiro quer propostas? Sim. Se não há um projeto para o país, qual a razão de ser candidato? Ora, é claro que o PSDB de Alckmin possui propostas para o país e deve apresentá-las. É claro que o Geraldo Alckmin deve se apresentar ao eleitorado. O tom da campanha, contudo, deve ser no maior contraponto que os tucanos devem ser em relação ao PT de Lula. Alguém dúvida qual é? O ressabiado deve sair já. Ser o candidato da bolsa-família com mais competência não é suficiente para ganhar as eleições. Ser o candidato da redução do imposto do pão não é suficiente para ganhar a eleição. Não é suficiente ser o candidato do pobrismo com mais gerência e menos desperdício. O povo, aquele com o qual Lula tem grande entrosamento, pouco liga para isso. Alckmin caiu e não cresce nas pesquisas porque o eleitorado ainda não enxerga onde está a diferença entre ter Lula ou Alckmin no poder. Boa parte da culpa por isso é da oposição, que durante três anos não blindou Lula. Que história era aquela de oposição responsável? A diferença foi posta pela campanha de Alckmin, mas não é essa que interessa ao eleitorado. Os eleitores preferem um senador basbaque e inútil, mas com fama de honesto, como Suplicy, a um senador que “brigue” por São Paulo e tenha até uma plataforma de campanha. No Brasil, por incrível que pareça, a questão moral pega. Ela sempre foi o trunfo do PT, e ainda é o trunfo de Lula. O não sei de nada ainda o reelege. Alckmin pode colocar de forma clara para o grande eleitorado por que é candidato, fazendo o devido contraponto a Lula no campo ético e moral, fazendo, na sua concepção pequena, a tal guerra suja ou manter o estranho “fair play”, continuar sua campanha propositiva. Pode vencer Lula e o PT, de um lado, livrando o país de mais 4 anos de atraso, ou perder com ternura, de outro, permitindo o triunfo da imoralidade, do crime e mesmo da incompetência, aquela que pretende acabar. A escolha é dele, mas fica aqui o recado: o conceito de “fair play” com o qual constrói a campanha é cartão vermelho na certa.

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