domingo

Sobre Professores, Greve, CUT, Apeoesp e a República Sindical


Nem mesmo Vargas conseguiu a proeza conquistada por Lula. Nunca o sindicalismo no Brasil foi tão pró-governo. Mais do que isso: vivemos uma verdadeira República Sindical. A comemoração do 1º de Maio deste ano, em que líderes sindicais disputavam qual das centrais sabe ser mais governista, é apenas símbolo de um estado de coisas. E esse estado de coisas atinge – gravemente – os interesses dos sindicalizados.

É o que está acontecendo com os professores admitidos pela Lei 500/74 em São Paulo. Trata-se de uma massa de mais de 160 mil trabalhadores manipulada pelas Centrais Sindicais. Trata-se de uma massa de trabalhadores a serviço do PT.

Por que afirmo isso? Porque a Apeoesp está liderando uma greve sem sentido no Estado. Ela foi anunciada, inclusive, durante as comemorações do dia do Trabalho, naquelas festas em que se cantavam as glórias do governo federal e a “nefasta” administração do governo paulista. A Associação dos Professores é contra a transferência dos professores temporários para o regime do INSS, pois com ela os servidores perderão diversos benefícios. Segundo ela, "a lei do Serra" – que cria o SPPrev - prejudica os professores. "É Greve!", conclama.

Dos fatos: atualmente, todos os servidores do Estado de São Paulo que foram contratados pela Lei 500, de 1974, contribuem e se aposentam segundo o regime de Previdência do Estado, que deve ser centralizado no SPPrev. Ocorre que o governo federal quer transferir os temporários para o INSS, seqüestrando o dinheiro da contribuição, algo estimado em R$ 15 bilhões. O governo do Estado não quer. Decidiu comprar a briga com o governo federal. Já existe um processo no judiciário acerca do conflito de que falo acima. O Governo Federal ameaça com o corte de verbas os Estados que não se adequarem à Lei Federal que obriga a transferência. Recursos para obras de saneamento básico, construção de novas linhas do Metrô etc estão sendo garantidos ao Estado de São Paulo por meio de liminares concedidas pela Justiça.

Ou seja: o governo do Estado luta contra o Governo Federal, de Lula, para que os servidores admitidos pela Lei 500/74 continuem sendo regidos pelo regime de previdência do Estado e o que faz a Apeoesp? Cala-se em relação aos fatos e cinicamente joga os sindicalizados contra o governo do Estado, de Serra.

Se a tal Apeoesp quisesse mesmo "lutar" pelos direitos dos professores estaria em Brasília, com o presidente da CUT, atual ministro do Trabalho de Lula, exigindo dele o recuo do Governo Federal. No entanto, os professores devem se preocupar, pois a entidade não fará isso. Não fará porque a agenda sindical é meramente política. Não fará porque os interesses defendidos por ela não são os dos professores, mas os do PT. Não fará isso porque o PT pauta a agenda da CUT e esta a da Apeoesp. Os professores que vão às ruas protestar contra a “Lei do Serra” são uma massa a serviço do PT e contra seus próprios interesses.

Não é demais lembrar que o Estado de São Paulo tem muito a perder com toda essa história. É briga de gente grande. Uma briga que deveria ser comprada por aqueles que foram eleitos para defender os interesses do Estado de São Paulo junto ao Governo Federal. E onde está Suplicy, o senador eleito pelos paulistanos para fazer isso? Ah, sim, cantando um rap ...